sábado, 19 de junho de 2010

A Borboleta e a Libélula

Era uma vez, uma Lagarta muito observadora. Ela passava em vários lugares, sempre discretamente, vendo que tudo que acontecia no mundo real era muito diferente das histórias que ouvia na escola. Certa vez, na hora do recreio, o Grilo perguntou à Lagarta o que ela queria ser quando fosse uma Lagarta Grande! Aquela pergunta foi muito significativa para a Lagarta. Ela se lembrou de tudo que via no mundo dos adultos e decidiu que faria de tudo para que aquelas coisas não acontecessem com ela. Com o passar do tempo, a pequena Lagarta foi criando um tipo de barreira, pensando que, dessa forma, estaria protegida de qualquer mal. Entretanto, ela só estava amadurecendo dentro de um casulo para depois sair. Mais cedo ou mais tarde isso aconteceria.
Um dia, a Lagarta dormindo dentro do casulo, acordou por ouvi um som diferente. Parecia um bater de asas. E seja lá quem tenha sido, pousou por perto, deixando-a com medo, pois não sabia se poderia ser algum bicho que quisesse se alimentar de algum inseto pequeno. Foi ai que a Lagarta fez uma pequena abertura no casulo para ver que bicho era aquele. Era uma Libélula. Uma linda Libélula que uma vez na semana ia àquele lado da floresta para aprender coisas novas, diferentes das que aprendia lá do lado do rio de águas frias que era onde morava. Então, sem saber bem o porquê, a Lagarta quis sair daquele casulo para conhecer aquele lindo inseto. E assim aconteceu. Quando se desprendeu daquela prisão, ela esperou até o dia em que a Libélula voltaria àquele lugar, e quando ela voltou, eles finalmente se falaram.
O tempo passou e sem que eles percebessem, de repente, um passou a sentir um sentimento forte pelo outro. Sentimento maior que amizade. Dois insetos diferentes, com experiências vividas distintas e contextos de vida nem um pouco parecidos, estavam com seus corações atraídos. Apesar de todas as diferenças existentes, havia uma coisa que unia o coração dos dois: Um era o que o outro precisava.
Contudo, a Libélula achava que não tinha grandes coisas para dar. Ela tinha dúvidas quanto ao que sentia pelo outro inseto e convenceu-se de que ele merecia mais do que ela tinha pra lhe oferecer naquele instante, e decidiu abrir mão desse amor.
A Lagarta decidiu então voltar para o casulo, mas não consegui entrar. Foi então, que ela percebeu que naquele tempo em que havia passado dentro do casulo, ela cresceu, deixou de ser uma simples Lagarta e virou uma Borboleta. E nada mais seria do mesmo jeito de quando era Lagarta. E também, não poderia simplesmente se trancar e esquecer a Libélula. Por isso, agindo agora como uma borboleta, bateu asas e voou atrás de seu amor.
Infelizmente, a Libélula não voltaria atrás de sua decisão e falou para a Borboleta que, quanto mais ela persistisse nessa história de amor, bateria as asas mais rápido e voaria para o mais longe possível.
A Borboleta, sem muita experiência nesse tipo de problema, decidiu insistir e lutar pelo amor da Libélula, e a Libélula fez o que disse que faria: bateu as asas o mais rápido que pode e começou a fugir da Borboleta que ainda tentou voar destrambelhadamente atrás dela, mas não conseguia acompanha aquele inseto veloz que ia se afastando mais e mais, até que, a Borboleta não conseguiu mais ver seu amor. Então ela, muito triste, pousou num galho seco, olhou ao seu redor e se viu só. Depois voltou lá para o lugar onde costumava ficar quando estava no casulo e ali permaneceu imóvel.